1 ano de gestão Retomada – ULEPICC-Brasil
Prezados associados da ULEPICC-Brasil,
Esta carta visa fazer um breve balanço da atual gestão da nossa entidade. Assumimos há um ano a diretoria, cientes das enormes dificuldades que a conjuntura nos impunha enquanto associação de pesquisadores especialmente voltados ao pensamento crítico. Os ataques à educação, à produção científica, à liberdade de expressão, às propostas de democratização da comunicação e, de forma geral, à classe trabalhadora nos colocam diante de um cenário de retrocessos e de resistência.
Nesse sentido, ao longo do ano, juntamo-nos a diferentes associações de pesquisa e movimentos sociais em defesa das ocupações de escolas e universidades por parte dos estudantes que resistiram até o limite ao golpe institucional, no ano passado; pela manutenção da UERJ; em favor dos recursos públicos para a ciência, inovação e tecnologia; em apoio à Fapesp; contra a condenação do ex-presidente Lula; pela consulta pública para uma mudança no CGI.br com participação social; e em defesa da classificação indicativa na TV aberta.
Nessa luta de resistência, estreitamos relações com entidades como a SOCICOM e outras das Ciências Sociais e Humanas na SBPC, cientes de que os ataques prosseguirão, exigindo tenacidade e unidade de todas as forças democráticas, inclusive no campo acadêmico, a exemplo do que ocorre também no campo cultural e artístico. É nesse clima que nos preparamos para o nosso VII Encontro, que ocorrerá em Maceió no final de 2018. A reconfiguração das nossas ferramentas de comunicação, em execução no momento, também servirá para abrir mais espaço para textos de análise política e divulgação das ações.
Dos seis pontos relativos ao programa de trabalho apresentado como chapa, seguem os apontamentos específicos:
1- Organização interna
A tesouraria trabalhou para conseguir transferir a conta da entidade do Rio de Janeiro para Aracaju, processo que segue todo um rito burocrático que acaba por ser demorado e também interfere na possibilidade de gastos da entidade.
Tratou-se ainda de organizar a lista de associados e retomar contatos com os inadimplentes, com criação de uma nova lista de e-mails. Além disso, buscou-segerar alguns benefícios para os sócios da entidade para além da redução da inscrição no encontro bianual, como o envio de exemplares do livro referente ao encontro do Rio de Janeiro e da segunda edição de “Mercado Brasileiro de Televisão”, gentilmente cedidos pelo autor. Neste momento estamos tentando negociar uma doação desse tipo de exemplares da segunda edição de “Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia”, junto à Fundação Barão de Itararé.
A manutenção da adimplência dos associados é um dos grandes problemas que vivemos e seguiremos trabalhando para tentar atenuá-lo. A situação atual é de 22 sócios adimplentes, com pagamento de pelos menos a anuidade de 2016. Abrimos o prazo, até janeiro de 2018, para o pagamento referente a 2017, com os benefícios acima citados.
Sobre a reforma do estatuto e do regimento, a comissão definida para estudar o problema, composta pelo ex-presidente Ruy Sardinha e pelo secretário Anderson Santos, ponderou pelo adiamento das conclusões, tendo em vista as alterações que a ULEPICC federal estava realizando de sua parte. Neste momento, a comissão está sendo reativada, centrando esforços não só nos pequenos ajustes já estudados – como a criação de instruções normativas para organização dos encontros bianuais da entidade, para as sessões temáticas e de apoio a publicações e eventos organizados por sócios – mas também para eventuais ajustes decorrentes das alterações feitas no nível da federação.
Com relação aos pequenos ajustes, um passo já foi dado: a qualificação da ULEPICC-Brasil para outorgar ISBN a publicações de sócios. O sistema já foi testado com a publicação da terceira edição de Mercado Brasileiro de Televisão no portal EPTIC, em acordo com o grupo OBSCOM/CEPOS, da UFS, mas a possibilidade está aberta para todos os sócios adimplentes da entidade. Com a reforma do site, que será finalizada em fevereiro, e a criação do Conselho Científico da entidade essa política ficará plenamente operacional.
2. Relações históricas
No que se refere à articulação com outras associações e grupos de pesquisa, além do citado anteriormente, uma mesa foi organizada por nós no congresso nacional da Rede Alcar, em São Paulo, intitulada “Periodização da História: revisão crítica”, da qual participaram César Bolaño (presidente), Verlane Aragão (tesoureira) e a ex-presidenta Anita Simis.
Reforçamos os laços com o grupo de EPC da INTERCOM, buscando divulgar entre nossos sócios a chamada de trabalhos e o Fórum EPTIC. Com a ALAIC, realizamos uma parceria mais ampla, que se traduziu na publicação do e-book “Novos conceitos e territórios na América Latina”, publicado no site da ULEPICC-Brasil e lançado durante o congresso da IAMCR, em Cartagena. Além disso, no mesmo congresso, o presidente da ULEPICC-Brasil participou da mesa organizada na parceria ALAIC-ECCREA-IAMCR. Ambas iniciativas (produção do e-book com apresentação na IAMCR e participação na mesa ALAIC-ECCREA) devem ser repetidas no congresso de 2018 daquela entidade, no Oregon.
Também nos mantivemos atuantes na SOCICOM, enviando materiais para seus especiais e boletins, participando das reuniões e fóruns convocados pela entidade e trabalhando em ações integradas entre as instituições ao longo deste ano. Uma ação mais ampla, envolvendo outros sócios da SOCICOM no debate sobre a Economia Política, ainda está sendo planejado.
Por fim, estamos tratando de enfrentar o desafio de repropor o nosso GT de Economia Política na COMPÓS, cujo processo de reclivagem dos grupos de trabalho ocorrerá em 2018. O grande desafio é arregimentar o apoio de um número significativo de programas de pós-graduação em comunicação para voltarmos a ocupar esse importante espaço de diálogo acadêmico do Brasil.
3. Relações institucionais
Como já descrito na introdução desta carta, fizemos o possível para atuar junto às entidades acima citadas e aos setores do Estado responsáveis pelas políticas de comunicação, educação, ciência e tecnologia; aos movimentos sociais pela democratização da comunicação e os diferentes movimentos sociais para os quais as políticas de comunicação e as ferramentas comunicacionais são de particular importância.
4. Internacionalização
Além do já informado acima, os membros da diretoria participaram individualmente em diferentes atividades, especialmente o presidente da ULEPICC-Brasil, que ministrou cursos em Bogotá e aulas via Skype na Escola de Verão da ALAIC, por exemplo, buscando estreitar laços com outros pesquisadores de fora do Brasil. Assim como, a partir do diretor científico, estamos em contato constante com os pesquisadores da área da Ciência da Informação.
O desafio para o próximo ano de gestão é promover mais ações junto a grupos organizados de pesquisadores vinculados à EPC – como eventos, publicações, pesquisas e todo tipo de atividades, especialmente na América Latina e, na medida das possibilidades, África – e de forma mais institucionalizada. Também se pretende aumentar o número de afiliados estrangeiros.
As relações com a ULEPICC dita federal, por sua parte, seguem bastante distantes e com um grau de tensão razoável. Mesmo assim, apesar de não termos recebido nenhum convite ou mesmo comunicação oficial, como suposto capítulo da referia entidade, fizemo-nos presentes no seu congresso bienal, representados pela vice-presidenta e pelo secretário geral, que tentaram, na medida das possibilidades, insistir, como vimos fazendo desde a nossa eleição, na necessidade de uma repactuação baseada em efetiva democratização dos processos eleitorais e outros, como o de mudança de estatutos, tendo em vista que os últimos movimentos nesse sentido foram realizados sem nenhuma garantia de participação da maioria dos sócios, especialmente os brasileiros. Sobre este ponto, uma comunicação específica será emitida aos sócios em breve.
5. Eventos
Temos apoiado a organização de eventos em nível estadual no campo da EPC, casos do XV Seminário OBSCOM-CEPOS e do III Encontro de grupos de EPC. Além disso, criaram-se os “Diálogos ULEPICC-Brasil”, a serem usados por qualquer sócio. A primeira edição, sobre a indústria da música, ocorreu em Maceió em setembro. Como já mencionado acima, uma instrução normativa a esse título deverá ser produzida (assim como outras, referentes a publicações de livros e revistas). Mas desde já, os grupos de trabalho, laboratórios etc., em EPC, associados diretamente ou através de seus membros à ULEPICC-Brasil, ficam convidados a submeter seus projetos de eventos e publicações para certificação pela nossa entidade.
6. Congresso
Iniciamos a organização do VII Encontro ULEPICC-Brasil, que será na UFAL, em novembro de 2018. A proposta inicial do evento é discutir a comunicação na conjuntura política atual especialmente do ponto de vista de regiões normalmente não tão visibilizadas pela pesquisa na área, caso do Nordeste. Além disso, o encontro nacional de Alagoas está sendo feito para servir de modelo para próximas candidaturas, gerando um passo a passo a partir dos nossos regimento e estatuto, de maneira a diminuir dificuldades.
Atenciosamente,
César Ricardo Siqueira Bolaño
Presidente da ULEPICC-Brasil