Em defesa de Cuba: manifestação da atual diretoria sobre os acontecimentos em Cuba
O estudo da Economia Política da Comunicação nos ensina que a Indústria Cultural é a instância operadora de funções primordiais da comunicação como forma social própria ao capital, a fim de dar conta da realização da mercadoria e, consequentemente, de sua mediação política pelo Estado. Nesse sentido, sendo a operadora ideológica dos modos de vida próprios ao capitalismo, a Indústria Cultural dá conta também de oferecer um sucedâneo adequado às necessidades simbólicas do público, que, assim, será abstraído como audiência. A adequação da oferta da Indústria Cultural às necessidades simbólicas do público não significa que ela cumpre exatamente tais necessidades, mas que ela as substitui de modo apropriado aos interesses específicos do capital, numa aparência de satisfação. Cabe aqui usar os termos clássicos de Walter Benjamin sobre o fascismo, ao apontar que a estetização da política permite que a classe trabalhadora se expresse sem, contudo, modificar as relações fundamentais de propriedade do capitalismo.
Sem tirar nem pôr, é o que estamos presenciando neste exato momento em Cuba, com seu projeto socialista fortemente impactado pelas relações geopolíticas mundiais de um capitalismo em crise. O avanço de mobilizações, por meio de plataformas digitais, mostra-se um uso orientado, organizado e pesadamente financiado pelos EUA e por empresas vinculadas ao projeto imperialista estadunidense, de aparência de satisfação de necessidades. A população cubana está enfrentando um momento severamente problemático com a pandemia, visto que uma de suas principais fontes de recursos, o turismo, tornou-se inviabilizado num período de isolamento. Cumpre destacar, claro, que a fonte que oferece a falsa satisfação das necessidades, o espaço para a expressão, é a mesma que cria tais necessidades, com um bloqueio econômico que deve ser chamado de, no mínimo, um crime contra a humanidade. Vimos recentemente, não tão longe, onde a oferta de falsas satisfações de necessidades pode nos levar – afinal de contas, a permissão à expressão, apartada de qualquer transformação efetiva das relações de capital, é só mais um modelo para abstrair o público como audiência – sejamos claros, um meio para viabilizar os interesses estadunidenses em derrubar o governo cubano.
Se, mesmo com todas as dificuldades, Cuba colocou à frente sua capacidade científica e tecnológica a fim de viabilizar uma vacina para combater a pandemia de Covid-19, e manter suas missões humanitárias para outros países, é sinal de que nós temos a obrigação de, guardadas nossas proporções e em respeito à soberania do povo cubano, lutar em defesa do que, ali, ainda viceja como um projeto de emancipação da humanidade dos desígnios do capital.
Fortalecer e Avançar